A contribuição de pesquisadores do Araripe com a paleontologia mundial
13 de agosto de 2020 - 14:56
A descrição da nova espécie foi realizada por paleontólogos da URCA e do Museu Nacional da UFRJ. A pesquisa faz parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), cujas atividades reúnem diversos ministérios e são coordenadas pela Marinha através da Comissão Interministerial para os recursos do Mar (CIRM).
No conjunto das principais descobertas realizadas no âmbito do PALEOANTAR, projeto brasileiro que reúne cientistas de diversas instituições do país e do exterior com o objetivo de entender como a biota antártica evoluiu ao longo do tempo profundo, destaca-se a descoberta de uma nova espécie de lagostim em dois pequenos nódulos procedentes das camadas que formam o Membro Lachman Crags da Formação Santa Marta, formadas há cerca de 75 milhões de anos.
A nova espécie pertence ao gênero Hoploparia, que agrupa uma grande quantidade de outras espécies encontradas, em outras partes e até mesmo na Antártica. Se diferencia das demais, sobretudo, pela presença de uma ornamentação formada por espinhos nas pinças.
Justamente por essa feição, o novo lagostim foi chamado de Hoploparia echinata – do latim, echinatus que significa espinhoso. Tinha um tamanho em torno de 20 cm e possivelmente se alimentava do mesmo modo que as lagostas e lagostins atuais, comendo tudo que podia encontrar pela frente: moluscos, peixes e até mesmo de outros crustáceos. Habitava o fundo de um mar relativamente raso e próximo à costa.
A descoberta desse novo lagostim na Antártica também mostrou a dificuldade de se encontrar fósseis nessa região. Em sua maioria, estes estão fora das camadas, erodindo na superfície. Achados de animais completos são muito raros. Felizmente, com muito esforço e um pouco de sorte, os pesquisadores do PALEOANTAR encontraram os dois exemplares Hoploparia echinata – mais um pequeno pedaço desse enorme quebra-cabeça que é a evolução e a diversificação da vida no nosso planeta.
O estudo sobre a descrição no novo lagostim tem como autores Alysson P. Pinheiro (Diretor do MPPCN), Antônio Á. F. Saraiva (Curador do MPPCN), William Santana, Juliana M. Sayão, Rodrigo G. Figueiredo, Taissa Rodrigues, Luiz C. Weinschultz, Luiza C. M. de O. Ponciano e Alexander W. A. Kellner. O estudo foi publicado na Polar Research https://polarresearch.net/index.php/polar